Voz suave com sotaque russo: "Caríssimo Senhor Paul, o senhor foi um instrumento muito importante para criação da paz na europa oriental, e por isso lhe presenteamos com esta belíssima loira sueca com comissão de frente avantajada e pouca vergonha."
Paul: "Obrigado, agora eu vou voltar com a sueca de pouca vergonha para minha casa de campo na Grécia e tirar uns 5 anos de férias da ONU..."
Voz grossa, possivelmente de um filho de Odin: "A GENTE INJETA AS DUAS SERINGAS E TEREMOS UM ESCRAVO HUMANO OU UM LOBISOMEM MORTO!"
Como diriam os franceses, merde. Saindo do sonho e de volta a realidade, e novamente não estou em casa, estou na casa do veterinário que serve ao filho de Odin. Não posso arriscar voltar pra casa e deixar esse bando de malucos descobrir onde vivo e acabar com minha vida de humano comum - eu quero eu mesmo acabar com minha vida de humano comum, mas só quando eu for um diplomata bem-estabelecido e puder fazer o papai orgulhoso de mim!
E de volta a realidade com uma discussão, pela voz sei que o filho de Odin está envolvido. Ontem a noite, capturamos um dos lobisomens que causava tumulto pela cidade, eliminamos outros dois e eu mandei um "nadar no rio hudson até fazer calo". Não sei o que me passava pela cabeça, deve ser influência do negão, me retirei da cena posteriormente à isso.
Olho pela janela. É manhã.
Resta interrogar o lobisomem capturado, e seguir ele até a fonte da licantropia - ele não parece ser um lobisomem verdadeiro, mas sim alguém contaminado. Zero não vai saber fazer direito, Chiuaua é um cara legal demais pra fazer isso (gostei do índio - na dúvida, ele bate até a dúvida passar, me lembra meus meio-irmãos lá na Grécia), e o filho de Odin é... como dizer de maneira politicamente correta... é a razão pra os deuses nórdicos não terem mais representatividade por aqui. Vou chegar de fininho, sem barulho, e ver o que está acontecendo.
OK, pelo que vejo a opção de "descontaminar" os lobisomens foi pras cucuias - a cria de Odin está gritando com o negão sobre injetar prata no lobisomem, que está em forma humana, completamente amarrado e acorrentado - aparentemente com estranguladores feitos pra conter pit bulls?
Adoro a lógica do filho de Odin - se enfiarmos uma estaca no coração dele e ele morrer, ele é um vampiro. Se sobreviver, é o quê?
Bem, morte é o que vai ocorrer se aquela prata foi injetada no cara, independente de ser um lobisomem. E aliás, como cacete ele derreteu prata e enfiou naquela seringa de injeção pra cavalos? E como diabos a seringa ficou inteira tendo prata derretida no interior? O sangue ferve, e sei que é por conta do Valor herdado do meu panteão - durante o dia, o carinha é apenas um pateta inocente, não um lobisomem, e não merece ser ameaçado com agulhas.
Paul, gritando: "É mais humano você atirar logo nele do que injetar prata e esperar ele agonizar até a morte".
E vejo o braço do filho de Odin descer uma seringa violentamente sobre o pescoço do infeliz, ao mesmo tempo que grita "Será meu sangue então". O instinto fala mais alto, e no que volto a mim estou segurando a mão do filho de Odin a poucos milimetros da jugular do infeliz. Raciocino por um segundo e explico - "seja delicado com seu sangue, você precisa dele vivo para que ele o sirva" - recuo enquanto o filho de Odin, delicadamente, injeta o próprio sangue no braço do pobre diabo.
Mais um item que venho aprendendo a odiar, mas do qual ainda dependo indiretamente - Jotunblüt, o resquício de sangue de gigantes que corre pelas veias dos nórdicos. Capaz de aumentar incrivelmente a força e vigor, mas ao custo de dependência física, subserviência à quem forneceu o sangue, e uma irritabilidade lendária. Infelizmente, o único médico que topa consertar o nosso bando de scions é um veterinário que foi forçado a se viciar e, Jotunblüt pelo meu querido filho de Odin (falando nesse filho de Odin, nem sei qual o nome que ele está usando atualmente - Bauer, Wolverine, Mister Bean?).
Bem, hora de traçarmos um plano. "Soltem o infeliz hoje à noite. Eu posso segui-lo onde quer que ele vá, e eu dei a ele uma tarefa - encontrar aquele que o transformou em lobo. Só preciso de algumas horas de descanso". A inspiração dada pelo Destino, aumenta assim como minha capacidade de influenciar o Destino, aumentam de maneira que me assusta. O foco predatório para rastreio que minha lenda me concedeu após os problemas para encontrar o grupo no recente problema com o Creed me faz um excelente rastreador, e minha magia já me permite entender o truque que forçou Hércules à realizar os 12 trabalhos - e foi isso que usei neste pateta.
Bem, as horas passam e anoitece, e pela primeira vez não tenho de explicar os detalhes pra cria de Odin, ele percebe o plano. Saio pela porta da frente, pronto para seguir a distância o lobinho - e o Odin Jr. leva o sujeito pela porta dos fundos, possivelmente pensando que assim ele não saberá retornar ao consultório do veterinário.
Sei que isso é burrice, mas espero que o garoto não consiga voltar ao consultório. Realmente espero que essa seja uma noite calma. PeloAmorDeHermes, quero só uma noite tranquila, sem pancadaria!
Fim do ato 1.
To be continued... com porrada pra caramba!
3 comentários:
muito bom,gostei. Estou curioso pela continuação...
Saudações cordiais, camaradas.
Lucas,
já disse isso em outra oportunidade mas tenho que repetir: você é muito bom na narração em primeira pessoa. Ao meu ver tua qualidade maior se revela quando investes no estilo sarcástico. Só posso te dar meus sinceros parabéns.
Tal como Diogo, estou ansioso pelas duas continuações. Vamos a elas agora...
P.S: Gostei da alcunha "negão" para Zero (bastante apropriado para a personalidade de Paul) e da certeza com que afirmou "o negão não vai saber fazer isso direito" (apesar de que não estou certo se tu te referias à fraca percepção dele ou à ausência dos Knacks que Paul possui e que são perfeitas para a tarefa).
Faltam duas coisas pro negão ser bom em interrogatório: Percepção Épica + Empatia e um pouco de crueldade. Por isso que Paul não ia deixar ele interrogar.
Ou situação, além de interrogatórios, que Paul ia tentar passar na frente de Zero ia ser se ele assumisse o papel de negociador do grupo.
E infelizmente, nessa sessão, só teve uma situação que eu acho que o Paul foi um "gambler", então a personalidade não ficou 100%.
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