domingo, 15 de fevereiro de 2009

MEMÓRIAS DO CÁRCERE

Sábado, 07 de novembro de 1158.


“Saúdem todos a Abençoada,
Divina Mãe de todos os halflings,
Yondalla! Oh, Yondalla!
Que seu escudo sagrado permaneça intransponível,
Que Lâmina da Cornucópia jamais perca seu fio”
(uma das estrofes de seus cânticos as à Yondalla)


(O relato a seguir descreve pensamentos e reflexões de Anaximandrus no cárcere)



É madrugada, talvez já adentradas duas horas do novo dia. A lua cheia reluz prata no céu sem nuvens, iluminando tenuemente as planícies. No interior do forte-prisão, num pequeno aposento, estou aprisionado junto a Konan e Legolas. Somos tratados como reles bandidos: não respeitam meu posto de sacerdote, não conseguimos nos comunicar decentemente com ninguém e nossos equipamentos foram removidos. Estamos totalmente a mercê de nossos guardiões. Mas o comportamento destes me intriga: há um clima tenso e misterioso no ar.

Preocupo-me com Konan. Ele está terrivelmente ferido e desacordado, ainda que seu organismo esteja estabilizado. Meus cuidados em primeiros-socorros são deficientes sem equipamento e local adequados. Meus encantamentos divinos expiraram, devo solicitá-los novamente à Abençoada amanhã ao meio-dia, se não me impedirem. Legolas e eu também estamos feridos, mas não é nada tão grave. E quanto a Meriadoc e Malak? Eles se refugiaram na floresta ou também foram capturados? Que a Mãe Cuidadosa zele por eles.
Ninguém viu nada, ninguém sabe de nada.

Lembro-me que há poucas horas estávamos desvendando o segredo por trás da entrada secreta do muro do forte-prisão. O início da empreitada foi infeliz, quase encontramos a morte nos primeiros corredores subterrâneos quando enfrentamos um enorme cubo-gelatinoso. Após superá-lo, sob a luz de tochas seguimos em frente num túnel que de um lado era rocha natural e de outro rocha trabalhada, quando nos deparamos com um precipício que recortava um saguão ao meio. As duas margens eram separadas por uma curta distância, talvez nem mesmo dois metros, e abaixo havia um abismo com mais de vinte metros de profundidade. Todos acreditavam ser uma simples tarefa transpor tão curta distância, mesmo nós pequeninos. Ledo engano! Sem muita dificuldade percebemos que as beiradas do precipício apresentavam uma fina camada de limo que, rapidamente analisados por Meriadoc, mostrou-se de cor e consistência similares a do cubo gelatinoso que nos atacou. Por precaução resolvemos amarrar uma corda em vigas que existiam na outra margem e todos foram bem sucedidos na travessia.

Malak, impetuoso como sempre, começou a investigar o túnel único que havia a frente, e que se bifurcava adiante. Seguindo para o oeste, foi atacado com muita ferocidade por um exame de besouros amarelos gigantes! Corremos em sua ajuda e Meriadoc identificou os besouros como AS TERRÍVEIS JOANINHAS AMARELAS ATROZES PICADORAS DE BUNDAS, e que elas temiam fogo. Legolas e Konan ficaram junto a Malak combatendo os insetos, enquanto Meriadoc e eu ficamos na retaguarda brandindo tochas e observando algum perigo que pudesse vir do corredor leste. Malak foi gravemente ferido pelas criaturas, que de alguma forma conseguiram deslocar seu braço hábil. Percebendo que o túnel era muito estreito para um combate efetivo, gritei para meus companheiros que recuassem até a margem do precipício, e enquanto faziam isso servi de escudo para eles. Por fim, após inúmeras picaduras no traseiro (perdoe-me o trocadilho) que deixaram Malak literalmente arrombado (perdão, deusa, mas foi tragicômica a situação!), conseguimos afugentá-los ou destruí-los.

Estávamos todos cansados, e paramos por cerca de vinte minutos para nos recuperar. Consegui recolocar o braço de Malak no lugar e quando retornamos a exploração o fogo da tocha apagou. Enquanto acendíamos uma nova fomos surpreendidos de assalto por criaturas disformes e sombrias. Sem esforço as identifiquei como os mortos-vivos conhecidos por Sombras. Apesar de ficar atônito e balbuciante com tal visão, totalmente inesperada, pude avisar meus companheiros que as Sombras não são facilmente vencidas com ataques físicos, podendo ser mais bem combatidas com fogo. É claro que a principal fraqueza das criaturas era possuída apenas por mim: O GLORIOSO E RADIANTE PODER DA VERDADEIRA FÉ. Todos que vislumbraram o brilho espetacular projetado de meu símbolo sagrado foram capazes de sentir o tépido toque da Protetora sobre seus corações, um pequeno reflexo de minha devoção a Yondalla. Tamanha pureza é impossível de ser resistida pelos corpos e espíritos corrompidos dos mortos-vivos, que foram instantaneamente desintegrados.

Quase sem tempo para nos recuperamos da surpresa, fomos atacados por criaturas amorfas que despencaram do teto, uma em cheio sobre minha cabeça. Aaahhh, ainda sinto aquela dor, meu rosto sendo queimado com algum tipo de ácido. Meus companheiros saltaram para a outra margem de forma a escapar das “geléias mortais”, Malak sem muito sucesso, mas eu demorei a tomar a mesma decisão. Confesso que fiquei confuso ao ser atacado de surpresa tantas vezes em tão pouco tempo, e a queda de Malak no abismo me deixou ainda mais preocupado. Felizmente consegui transpor a fenda, não sem antes cair no abismo também, mas no final nós dois conseguimos subir até a superfície. Malak teve a idéia de içar as geléias, mas acabou as derrubando no rio do fundo do abismo.

Estávamos feridos, cansados e sem um estoque suficiente de itens para exploração de masmorras. Passamos por muitos riscos mortais nesta primeira tentativa. Então decidimos que retornaríamos a cidade para nos restabelecer e preparar adequadamente. È fato que estávamos presos, e mesmo eu não poderia ser um bastião de esperança para o grupo. Malak tentou reconstruir a escada de cascalho, mas todos notaram que isso levaria dias para ficar pronto. Estávamos ansiosos demais. Sugeri então acumularmos o cascalho na saída do túnel principal, para bloquearmos o único acesso aparente de algum possível perigo. Todos trabalhamos nisso, exceto Malak, que teve o único acesso de loucura em muitas horas (Sou-lhe muito grato por isso, Yondalla) e começou a flechar o pavilhão superior. Não prestei muita atenção no que ele estava fazendo, tinha coisa mais importante para me concentrar, mas logo percebi que Konan havia desaparecido. Quando procuramos por ele vimos que estava perto de Malak no pavilhão superior!

Três Amagguts a Yondalla por esse lance de sorte!!!

Malak de alguma forma conseguiu fixar uma corda no alto e nos permitiu fazer o caminho de volta a cidade. Quando chegamos a entrada da passagem secreta, ela parecia estar presa de alguma forma. Após forçarmos sua abertura, percebemos que haviam cimentado a passagem com algum material, o que indica que perceberam nossa invasão e não pretendiam permitir nossa saída.

Tentamos chegar à cidade, mas fomos interceptados e atacados por flechas vindas do forte-prisão. O grupo se dispersou, Konan tombou e consegui resgatá-lo. Mas não tivemos condições de continuar nossa fuga. O bom-senso exigiu que nos rendêssemos. Tentei dialogar com nossos aprisionadores, inclusive com seu comandante, mas não consegui grande êxito. O resultado é o atual.

Abençoada, meu corpo e minha mente solicitam descanso. Peço que zele pela saúde e bem estar de todos os meus companheiros, onde quer que estejam, como sempre fizeste.

E que discernimento e ordem reinem neste dia que promete ser longo...

4 comentários:

Anônimo disse...

Tomei a liberdade de fazer algumas adaptações, mas acho que foram discretas e que ninguém vai notar.

Espero que o Pele-de-Escama não fique ofendido.

Renato Recife disse...

"Forçarmos" coisa nenhuma.

Konan se cagou todo (durante nove rodadas, praticamente uma diarréia) pra abrir a porta.

Muito bom o texto, Anaxus (é assim que o Bárbaro vai chamá-lo agora =P) é o típico clérigo-bonzinho-mala.

Pele-de-Escama disse...

Saudações cordiais, camaradas.

Lucas, não esquenta. Eu ficaria chateado apenas se a edição do post impedisse a leitura da parte inicial. Com um pouco de dedicação dá para ler. Além disso, a parte editada não estava compatível mesmo com o desenrolar da história.

Konan, e todo o apoio moral que demos durante quase um minuto (9 rodadas!) não conta não? Ahahah!!! Mas o mérito é todo seu, meu chapa, ninguém pode discordar. E quanto a chamá-lo de Anaxus, tudo bem: é bem adequado que um bárbaro não consiga decorar um nome com tantas sílabas.

Até breve.

Pele-de-Escama disse...

Só mais uma coisa: clérigo-bonzinho-mala é sinonimo de "poção de cura ambulante"?

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